Mais uma oportunidade de falar. Foi o lançamento do Relatório Direito à Comunicação 2018 do Intervozes na livraria Tapera Tapera em São Paulo, transmitido ao vivo com a graça de quem pode mais.
Meu tema foi o Blogueiras Negras, trabalho de muitas mãos e mentes de mulheres negras em movimento e luta que reuniu 400 autoras, 1200 textos e incontáveis horas de muito sentimento, sonhos, concordâncias e discordâncias, erros e acertos pra levar adiante projetos de mundo de quem veio antes.
Tem horas que não acredito. Só tenho a certeza de que jamais poderei agradecer suficientemente. Os ataques e o discurso de ódio seletivamente direcionados às mulheres negras não nos surpreendem, apenas apontam para a certeza de que estamos em caminhada e um norte existe.
E botem reparo, essa conversa aconteceu ontem, numa terça de meu deus.
Mais uma vez pude falar sobre meu tio-avô, seu Tenô.
Quando davam bom dia o caboco respondia: Estou de pé, estou trilhando, estou sentado. E aqui sentada em reflexão sinto a saudade do que não vivi após meio século de andanças desde lá até aqui.
O cenário à frente é desafiador, com cidades cada vez mais racistas e transfóbicas. A arquitetura e o urbanismo se alimentando das tecnologias e narrativas das redes sociais para azeitar a locomotiva do capital. Afirmar mais uma vez que gente como você e eu somos descartáveis.
Muitos se perguntam qual é a resposta. Ainda não sabemos mas aposto uns bons vinténs e muitas patacas que o velho Tenô teria muito a dizer sobre isso. Aposto.
Por hora seguimos em luta por leis adequadas como defendeu Ana Mielke, seguir blogando em projetos de interesse coletivos como o próprio Blogueiras Negras e gente como Rita Freire com o Memória Conselho Curador da EBC como projeto de comunicação pública, diversa e relevante.
E como sugeriu Sérgio Amadeu, bora rehabitar as velhas e boas práticas como lincar e redistribuir a rede.