¶ Atualizando signos e construindo novos conceitos e abordagens

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Tive o privilégio de assistir à célebre conferência de Beatriz na Quinzena do Negro na USP, em 1977, evento organizado pelo pesquisador Eduardo Oliveira e Oliveira. Lá estava ela, vestida de dourado, parecendo uma manifestação de Oxum em terra, audaciosa nas idéias, bela na imagem, altiva na interlocução. Um momento mágico de afirmação de uma mulher negra como sujeito do conhecimento sobre o seu povo. Um momento mágico de sabedoria e sedução, de elegância e perspicácia como se estivéssemos num ritual yorubá de culto ao poder feminino.

Historiadora, libertou a negritude do aprisionamento acadêmico ao passado escravista, atualizando signos e construindo novos conceitos e abordagens. Assim é a noção de quilombos urbanos, conceito com o qual ela ressignifica o território/favela como espaço de continuidade de uma experiência histórica que sobrepõe a escravidão à marginalização social, segregação e resistência dos negros no Brasil.

Sueli Carneiro

CARNEIRO, Sueli. Prefácio. In: RATTS, Alex. Eu sou Atlântica: Sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006. p. 11-13.

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