Depois que aquela nuvem desceu sobre seus olhos. Nada mais importava.
A filha, que ficaria adeus dará. Possivelmente enlouquecida pela loucura de quem anda sem destino e sem consciência. De que é capazes de levantar uma faca para qualquer um que se coloque em sua frente, mesmo para quem mais ama. De quem bebe e fuma o dia todo, sem se preocupar com quem chega e com quem vai. O marido, que se casasse de novo. Já não sentia mais ciúmes da futura mulher com quem ele se casaria depois que ela morresse. Fosse branca ou preta, se lhe daria mais ou menos amor, nada lhe competia. Nem que a levasse até Paris… Mesmo ao Louvre para ver as mais belas obras do Egito Antigo. Sabia que seus pais morreriam tão logo. Quem sabe assim, se houvesse algum céu poderiam se encontrar. Mesmo que não acreditasse em nada disso. Todos haveriam de morrer, ficaria a carne, mais ou menos dia. Dos poucos amigos, não lembrou nenhum. Mesmo aquele que sempre foi um dos maiores amores de sua vida. Sem forças, conseguiu chegar até o ponto do busão, destino Paulista. Escolheu na parte mais alta da cidade o prédio mais alto dos primeiros quarteirões. Subiu até o último andar e procurou uma janela aberta, a rota de fuga mais importante de sua vida. Olhou para baixo e se lembrou de todas as imagens que viu naquela semana, ao pesquisar como seria. Hesitou ao olhar as formas de concreto tão concretas em sua volta e sentir o vento nas fuças. Ficou se perguntando se seria possível fazer o tempo correr ao contrário, de baixo para cima. Deu para trás. E desde então continua sentada debaixo daquela árvore pequena, que fica bem ali.
Foi aquela mesma nuvem que desceu sobre seus olhos naquele dia….
Que hoje fez chover aqui.