Como eu me sinto quando vejo o programa do Datena, nota sobre a pena de morte

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Na segunda-feira eu e minha mãe vimos o programa do Datena juntas. É um hábito que temos há algum tempo, ver essas porcarias. Sempre foi uma espécie de exercício cultural inofensivo e muito proveitoso para mim, ver o que normalmente não veria . Mas dessa vez foi diferente. Algo de muito importante foi colocado em risco.

Um dos destaques do programa era um assaissino em série viciado em crack que matou seis mulheres durante o ato sexual por não conseguir uma ereção. O Datena obviamente ignorou a declaração do criminoso sobre seu arrependimento, vociferando que esse tipo de predador poderia encontrar “sua mãe, sua irmã, sua namorada” ou coisa que o valha.

patetaFoi quando me perguntei se eu ainda era contra a pena de morte, a punição mais lógica para esse tipo de criminoso. Nesse momento, percebi que alguma coisa de muito fundamental estava por um triz. Como se eu estivesse me transformando no senhor motorista para quem lembra do desenho do Pateta no trânsito, o Senhor Volante.

O catalisador da agressão não era um veículo, mas a aparente lógica do pensamento de Datena e a desumanda propaganda feita pela Band – é preciso matar gente que comete esse tipo de crime, ele vai matar novamente, as vítimas precisam ser vingadas, as cadeias são onerosas. E olha, eu quase concordei com tudo isso. Quem me salvou de mim mesma foi um grande amigo, o Marquês de Sade.

Lembrei de Os infortúnios da virtude, um conto filosófico e erótico, pensado como um romance e escrito em 1787 quando o autor estava preso na Bastilha. Lá pelas tantas, a questão da pena de morte é abordada. É claro que o Marquês advoga erm causa própria, talvez por isso sua critíca à política de punições aplicada pelo estado tenha aboslutamente nada de inconsequente.

De todos as maldades que um homem pode fazer a seu semelhante, o assassinato é, sem contradição, a mais cruel de todas porque destrói o único bem recebido pela natureza, o único cuja perda é irreparável. (…) O assassinato deve ser reprimido pelo assassinato? Não, sem dúvida.

Hoje discordo do querido Marquês de Sade, existe uma perda tão irreparável quanto à própria vida,  a humanidade. Ainda mais quando colocada à mercê de um predador midiático como Datena. cujo ponto de vista é tudo, menos a defesa da vida humana. Demonstração de que é muito fácil se tornar um assassino de assassinos, muito fácil.

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