Sobre baratas, hecatombes e um chinelo de borracha.

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As passagens de Walter Benjamin

Alguns poderão rir, mas não foi de bate pronto que esse Passagens de Walter Benjamin caiu na minha cabeça. O livro com suas mais de 1000 páginas fala sobre as fantasmagóricas galerias cobertas de Paris, as passagens que dão nome ao livro. Segui como manda meu péssimo hábito. Parti para a leitura sem passar pelo prefácio. Quem gosta assim há de me entender, nada melhor que conversar com o autor em primeiro lugar e somente depois seus leitores.

Nas primeiras leituras fiquei me perguntando se estava tendo algum tipo de alucinação, mais uma. A cada trecho me via em uma alternância entre o que foi escrito antes e o momento esperado pelo que viria depois. O texto de Passagens nos aprisiona na mesma angústia que sentimos agora, ao acompanhar a cada dia mais um corpo negro que cai.

Confesso que fiquei feliz e aliviada ao descobrir que a obra não pode ser lida de maneira linear, senão através de linques, tal qual as fantasmagorias que tanto discute em suas exposições. Tudo são exposições ou notas e materiais, onde o autor exprime suas considerações em diversas versões e constrói seu fichário, respectivamente. Além dos esboços, é claro.

Benjamin passou bons anos de sua vida pesquisando mas o livro, que acabou não sendo um livro, pois permaneceu inacabado. Porém encontramos ali uma suposição interessante. As passagens de Paris são os espaço arquitetônico que melhor materializou a sociedade de consumo, dominação. E os arquitetos, sempre debaixo das saias de seus mecenas, tiveram tudo a ver com isso.

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